quarta-feira, 13 de julho de 2011

Por trás das lentes dos gorilas gigantes

Do site do Domingão Aventura: http://domingaodofaustao.globo.com/platb/domingao-aventura/

Meu nome é Cristian Dimitrius, sou cinegrafista do quadro Domingão Aventura e vou contar para vocês um pouco sobre a gravação com os gorilas da montanha.

Documentar a natureza nunca é uma tarefa fácil, principalmente quando falamos de um animal que chega a pesar 300 quilos e pode te matar com um único golpe. Os gorilas são tão fortes que conseguem levantar 5 vezes o peso do seu corpo. Imagina só se este animal se irrita com a gente e decide dar uma investida?

Bom, isto de fato aconteceu, mas por sorte foi com um filhote. Estava filmando um grupo em um belo riacho, local que carinhosamente chamei de “vale encantado”, e um jovem gorila veio em minha direção e acertou minha câmera. Por sorte, foi só um tapinha e pude continuar filmando. No mesmo local um grande adulto, o “silver back”, passou a apenas 10 centímetros da minha lente. Se ele resolvesse dar um tapa também, seria o fim da minha câmera…e talvez o meu também. Que bom que ele só passou. Estes foram apenas sustos que, no final, renderam belíssimas imagens para a matéria.

Difícil mesmo era encontrar estes animais. Todos os dias tínhamos que subir uma hora e meia de carro em estradas de terra até a base de um vulcão e, de lá, caminhar. Nunca sabíamos se íamos caminhar duas ou 6 horas. A subida era bem íngreme, a trilha bem fechada e para complicar ainda mais, infestada de urtigas. Nada mal, não é? Fiquei dois dias com o corpo ardendo. E tem gente que pensa que a nossa vida é fácil.

Para subir, contávamos com a ajuda de carregadores para levar a maior parte do equipamento pesado e uma boa equipe de guias. Confesso que sem eles nenhuma destas imagens seria possível. A caminhada era dura e “ardida”, mas tivemos um pouco de sorte, pois nas duas vezes que subimos levamos “apenas” duas horas para encontrar os bichos. Uma vez que os encontrávamos, aprontávamos as câmeras e mãos a obra. Tínhamos apenas uma hora de permanência para registrar vários comportamentos. E ai está outra dificuldade: tempo limitado. Para filmar natureza quanto mais tempo melhor, mas isto quase nunca é possível, infelizmente.

Procurávamos manter sempre uma distância segura, que era quebrada algumas vezes pelos gorilas mais curiosos que vinham nos investigar, como o que acertou a minha câmera. Ficamos seguindo os gorilas e tomei outro susto quando um grande “silver back” veio em direção a minha câmera batendo as mãos no peito, o que chamamos de “charge”. Mais uma vez, foi só um susto e tive o sangue frio de ficar parado e não perder nem um segundo de imagem.

Depois de duas excursões à montanha dos gorilas tínhamos tudo o que precisávamos para a matéria. Ainda com os músculos doloridos, assistia as imagens no meu computador e vibrava com cada cena. No final valeu a pena enfrentar o mar de urtigas, as longas e extenuantes subidas, a pressão de conseguir as cenas em pouco tempo e o risco de lidar com os gorilas. Foi mesmo uma experiência única e tenho certeza que conseguimos compartilhar esta emoção na matéria que foi ao ar no Domingão do Faustão e que pode ser re-vista no site do Domingão Aventura.

Até o próximo por trás das lentes!

Cristian Dimitrius